Persuasão de Jane Austen

Quando comecei a ler este livro não tinha visto o filme, por isso, não conhecia a história. Foi uma boa surpresa para mim. Claro que uma vez que se gosta de um livro de Jane Austen, gosta-se de todos. Ainda não li todos os livros desta autora, mas tenho intenção de o fazer.

Sinopse:

É em Persuasão, o último romance acabado de Jane Austen, que encontramos a sua heroína mais notável - Anne Elliot. Sobre ela escreveu, um dia, a autora: «Ela é quase demasiadamente boa para mim.»

No entanto, naquela que é a sua obra mais amadurecida, que descreve uma órbita de afastamento nítida em relação ao tom predominantemente satírico dos seus anteriores romances, Jane Austen trata o carácter e os afectos da protagonista de uma forma que, sem perder totalmente de vista a ironia, é, sem sombra de dúvida, muito mais terna, e anuncia já uma percepção mais aberta e dinâmica da personalidade e comportamentos humanos.

Uma história de amor, desenvolvida com profundidade e subtileza, proporciona o campo ideal para um estudo reflectido, que sustenta na sua linha de horizonte o complexo relacionamento entre os dois sexos, e no qual homem e mulher surgem como seres moralmente análogos.

Opinião:

Persuasão conta a história de Anne Elliot, a penúltima filha da família, cuja mãe morreu quando era jovem e a partir de então é pouco considerada pelo pai e irmã mais velha, e por isso, acabou por ficar muito próxima de Lady Russel, uma amiga da família. Quando Anne tinha vinte anos, teve um pedido de casamento de Frederick Wentworth. Lady Russel persuadiu-a a não aceitar este pedido. Anne acabou por recusar, mesmo não tendo dúvidas de que gostava dele. Apesar do tempo passar, os sentimentos de Anne nunca mudaram e ela começou a sentir-se culpada por ser tão facilmente persuadida... Quando sabe que vai ter a oportunidade de o reencontrar, Anne sente-se curiosa e ao mesmo tempo receosa de o fazer...

A personagem de Anne é incrível e apesar de toda a falta de consideração e até mesmo desprezo do pai e irmã dela, ela consegue ser uma personagem que não procura atenção e dá tanta quanto pode aos que necessitam. As suas lutas internas e o seu sofrimento ao rever o seu amor, a sua culpa por ter-se deixado levar tão facilmente e não ter lutado por ele, faz-nos gostar ainda mais dela. Assim como, a sua resignação ao pensar que tinha perdido o amor da vida dela e que não iria mais casar, enquanto ele tinha tudo para o fazer. No entanto, ela deseja que ele seja feliz. 

Penso que este livro também faz muito a reflexão sobre como as mulheres veem-se, ainda hoje em dia, quando chegam a uma idade em que já não podem ter filhos ou que se consideram muito velhas para ter alguém. O sentimento é sem dúvida diferente de homens para mulheres porque os homens não sentem tanto a pressão da idade como as mulheres. Algo que não se pode mudar porque faz parte da natureza.  No entanto, em tudo o resto os homens e mulheres sentem-se de igual forma e este livro mostra bem esse ponto de vista, o que me agrada muito. 

Gostei muito também dos jogos de perspetivas, o que as pessoas pensam, julgam ou pensam que sabem sobre as outras pessoas. Não importa em que século estejamos, o que estejamos a viver é sempre uma especulação pensar no que os outros pensam ou como veem o mundo, apenas podemos imaginar. Podemos até conviver e saber tão pouco daquilo que os outros sentem ou pensam. Também adorei o jogo de palavras da autora ao brincar e repetir a palavra persuasão e as suas derivadas a cada oportunidade que surgia na história. E claro, como a história dá as suas reviravoltas tão perfeitamente enquadradas por pequenos deslizes das personagens, uma frase aqui, um olhar ali e depois conseguimos compreender tudo. 

Claro que um romance de Jane Austen só nos pode encher o coração! 

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Li este livro para completar o ponto do meu desafio literário para um clássico de língua estrangeira. Em breve teremos a opinião do Harry Potter que está a demorar muito mais do que alguma vez pensei!