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Entrevista à Autora Sandra Ramos



Olá escritores e leitores!



Hoje, temos mais uma entrevista no blogue! Já estavam com saudades das entrevistas do blogue, não é verdade? :)


A autora entrevistada é a Sandra Ramos que publica quase diariamente no grupo Escritores Lusófonos. A sua criatividade e os seus poemas cativaram-me muito. Além disso, acredito que a sua experiência vai ajudar a todos os leitores que também gostam de escrever. Sandra Ramos publicou o seu livro Memórias de um Tempo Enfermo e Infinito: Diário Epidémico em outubro do ano passado, um livro com um tema ainda tão presente nas nossas vidas e que vale a pena saber mais sobre ele e o que o inspirou. A criatividade desta autora não tem fim, até as suas respostas nesta entrevista estão escritas de uma forma muito bela e poética.

Portanto, para quem ainda não conhece, convido a ler a página da escritora, e a se inspirar com as suas respostas que nos ajudam a escrever mais e melhor.

Vamos à entrevista!




Olá, Sandra, antes de mais, obrigada por responder a esta entrevista. 

Poderia fazer uma pequena apresentação de si como autora?


Nasci em Alcochete em maio de 1976 e vivo desde os seus 27 anos na Charneca da Caparica. Conclui o Curso de Engenharia Química na Faculdade de Ciências e Tecnologia (da Universidade Nova de Lisboa) e em 2006 o mestrado em Gestão da Qualidade (em regime pós-laboral). Trabalhei desde sempre na área da qualidade e recentemente fui nomeada uma das embaixatrizes para a implementação da Conciliação entre a vida profissional, familiar e pessoal no Instituto onde trabalho. Em abril do ano de 2020, abri uma página de autora onde publico diariamente poesia e prosa poética. Publico, também, poemas no blogue “Hucilluc: Aqui e Ali” e sou uma das cronistas (da equipa Heli Cayenne) da revista “Helicayenne Magazine”. Publiquei o meu o primeiro livro de poesia “Memórias de um Tempo Enfermo e Infinito:Diário Epidémico (em outubro de 2020) com a chancela da Chiado Editora, uma súmula de textos e poemas escritos durante a pandemia (de março a agosto de 2020). Tenho vindo, também, a participar em algumas coletâneas de poesia desde abril do ano passado.

Vi na sua página que publicou um livro, fale-nos sobre ele.


A inspiração nasceu com a minha vontade de dizer!...quando o tempo enfermo me apertou, a escrita foi a mola que me levou à paz de espírito com o ganho de armas sustentáveis e alicerces psicológicos.

Confinada em casa com a minha única filha, e longe dos familiares e amigos; fui assoberbada por uma atração divina em “despejar” as indignações, preocupações, a importância da amizade, os episódios de amor e desamor vividos durante esse período conturbado… no fundo, um manjar de sentimentos vividos numa era impetuosa. Durante a pandemia, escrevi vários textos poéticos desde março até agosto de 2020; como se de um diário se tratasse. O cansaço, a solidão e a agonia de um tempo enfermo vivido, foram a locomotiva para a inspiração e a sofreguidão em “dizer” de mim e do Mundo.

O meu livro “Memórias de um Tempo Enfermo e Infinito: Diário Epidémico foi editado em outubro de 2020. Senti-me mãe pela segunda vez, anestesiada por um orgulho colossal na contemplação da união das vogais e consoantes, decifradas em sentimentos íntimos e adornados em mensagens direcionadas ao mundo.

É mais um filho, que olho pela enésima vez, que escolho a indumentária conducente e que deixo que ele parta à imagem do vento mergulhado na palavra – na MINHA!




Vejo que publica quase diariamente textos e poemas no Facebook. Tem algum segredo para a sua criatividade constante?



A escrita é um RIO que desagua no MAR, é um FILHO que se estende – sem pejo - no colo da sua PROGENITORA. Quem escreve, fá-lo por gosto no mergulho na palavra e doando-lhe um contexto apropriado. A ESCRITA é o portal de entrada para o saber do próprio desenvolvimento da inteligência humana. Como diz Eça de Queiroz : “Só um livro é capaz de fazer a eternidade de um povo.

A minha inspiração nasce com a vontade de dizer…! Quando o cansaço aperta é ela a mola que me leva à paz. Abro a janela da minha alma e digo de mim e do mundo. Fico aliviada…PONTO!

É no silêncio e com ele, que a inspiração fala comigo. Adoro música, e é maravilhoso mergulhar numa melodia e escrever sobre algo; portanto direi, que na paz da alma musical que é minha e no apagar da luz do mundo é que nasce a minha vontade de dizer…!

Fascinam-me de sobremaneira as mensagens assertivas com conteúdo e o deslumbre de imagens carregadas de reptos que me permitem voar livremente. Muitas das vezes quando me deparo com situações de calamidade, injustiça, deslealdade e pobreza; tenho que “gritar” ao Mundo o que me aflige.

O que me inspira também é a energia resgatada da voz de um Artista, de um(a) amigo(a) e das “oferendas” ofertadas – diariamente – pela Vida. É um esvaziar de sentimentos que tomam forma e vida, deambulando livres de algemas e de censura.


A sua profissão inspira-a a escrever?



Sou licenciada em Engenharia Química e Mestre em Gestão da Qualidade e é desse frenesim que nasce a minha vontade de dizer. Desde pequena, que o fascínio pela leitura e pela escrita me assoberba de sobremaneira. Sem a leitura sentia-me amputada e cedo troquei as bonecas pelos livros. Não percebia como é que uma adolescente, à minha imagem, não gostava de devorar histórias que levavam tudo e a todos ao sonho, e, durante muito tempo, cheguei a pensar que seguiria Línguas e Literaturas Modernas/Clássicas como a minha mãe.


No entanto, segui a área da Engenharia e da Qualidade que foi a minha primeira paixão. No entanto, é da azáfama diária que nasce este querer de dizer mais forte em verso.

Quando o dia finda e o alívio chega com o manto negro da noite, a inspiração vem carregada de malas e bagagens.

Depois de um dia de entrega ao trabalho, de uma caminhada, do jantar com a família, nasce a minha vontade gigante em dizer o que vi, ouvi e/ou senti; sobretudo na envolvência da noite. Digo devagar através da linha curta (do verso) e sinto que é essa a informação que todos os dias me acompanha.


Qual foi o livro que mais a tocou até hoje?




O Ano da Morte de Ricardo Reis de José Saramago (o nosso nobel da literatura) onde um EU encontra outro EU e só percebe que viveu porque escreveu sobre ele. Tanta gente que à imagem de Ricardo Reis não vive, vegeta. As mulheres chamadas a intervir são personagens da nossa sociedade com as quais nos cruzamos diariamente, mas delas pouco conhecemos, porque ou não interessa ou estão a mais…!


Como escritores, destaco Sophia de Mello Breyner Andresen. Tudo nela é mar, praia, magia e encanto.

Fernando Pessoa, o Mestre conhecido internacionalmente, desde a sua Autobiografia até aos seus heterónimos. O que mais me encanta, pela formação e pela maneira como se expressa; é Álvaro de Campos que tudo fez para mudar o Mundo. A Ode Triunfal é um deleite. Antero de Quental, o homem do sonho, o Palácio da Aventura onde ninguém chega. Todos querem chegar lá, bater na porta da felicidade, mas por muito que se trabalhe; existe sempre uma pedra no caminho.

Segue-se Eugénio de Andrade, o Homem da Palavra, o que faz apelos incessantes ao leitor para que este considere e reconsidere antes de atuar. Miguel Torga, o que ama a sua Terra e as suas raízes assim como eu amo tanto o Mar e o Sol.

Cesário Verde, o que deambula pela cidade de Lisboa em tempos de pandemia como agora, sem pejo, vergonha, receio. Um autêntico repórter fotográfico que pinta com palavras a Lisboa do final do século XIX, que descreve as Sete Colinas como ninguém.


Que conselho daria a alguém que gostaria de escrever mais e melhor?


 

Se te dá prazer escrever, fá-lo porque a escrita é ARTE e só a consome quem gosta. E lê, lê muito; apreende o máximo de informação e de ensinamento que a escrita te possa ofertar. Abre a alma, desprende-te do que te retraí e deixa-te ir, sem pejo e sem medo!


Qual foi a sua melhor experiência no seu percurso de escrita?


Sem dúvida, quem conheci neste meu novo percurso, quem me oferta a mão e o colo diariamente, em troco de nada e quem me “lê” e me incentiva – em palavras doces embrulhadas em purpurinas. Os meus leitores, sem dúvida, são a minha melhor experiência, o carvão da minha locomotiva.


A eles….Muita Gratidão….a minha!


ORGULHO dos meus leitores…!




Muito obrigada pelas suas respostas!


Sou blogger e escritora do Wattpad. Comecei a ser blogger para partilhar os meus escritos, mas com o tempo comecei a escrever mais sobre leitura e escrita. Gosto de fugir da realidade para mundos fictícios e acredito que eles ajudam-me a compreender melhor a vida. Não consigo passar um dia sem escrever e sem beber café.

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