Nádia não gostava do Natal. Para si, era uma época de compras inúteis, falsidade e solidão no meio de multidões. Como ela detestava multidões!
Nessa altura, muito diferente do que qualquer outra época do ano, as pessoas multiplicavam-se. Tornavam-se mais cegas do que nunca e esqueciam-se de que o Natal é supostamente para se lembrar dos outros.
Nádia vivia sozinha. Tinha saído do orfanato aos dezoito anos. Tinha, agora, vinte e três. A sua família deixou-a sozinha. Só a sua mãe gostara dela. Amália tinha problemas com drogas, e por isso, Nádia foi parar a um orfanato (porque ninguém a quis).
Ela nunca tinha visto a mãe com droga, nem conseguia compreender quando estava ou não transtornada. A sua mãe sempre fora muito nervosa. Esqueceu-se de a ir buscar um dia à escola. Nesse dia, Nádia ficou na casa de uma contínua. Nunca se iria esquecer as lágrimas da mãe pedir-lhe desculpas cheia de nódoas negras, que estranhamente apareceram no dia seguinte. A assistente social ordenou que ficasse no orfanato «até a mãe ficar melhor», mas ela nunca ficou.
A sua mãe, apesar da sua incapacidade de lutar contra o vício, visitou-a todos os fins de semana. Até o fim de semana em que a assistente social foi informá-la da sua overdose.
Os avós prepararam o funeral e foram lá chorar a morte da filha. Olharam para Nádia de lado como se ela os fosse atacar. Disseram-lhe as condolências rapidamente e não deixaram que mais ninguém se aproximasse. Amália tinha trinta pessoas no seu funeral e Nádia não tinha ninguém. As lágrimas nem sequer conseguiam sair. Ainda bem que ninguém falou com ela. Ela sentia um nó tão forte na sua garganta que se falasse, vomitaria a negridão da sua alma.
Agora, pela primeira vez na vida, tinha recebido uma carta da família a convidá-la para um jantar de Natal. Tinha sido um primo afastado que segundo dizia na carta tratava dos avós. Provavelmente, queria que fosse ela a tratar deles ou pedir-lhe dinheiro. No entanto, eles nunca a tinham ajudado.
Quando saiu do orfanato, ela teve que se desenrascar sozinha. Arranjar um quarto. Viver com pessoas que além do valor do quarto, queriam que ela fosse comer fora, arrumasse a casa deles ou até mesmo fosse criada de recados. Não conseguia arrendar uma casa por falta de fiador. Até que uma senhora que lhe alugara o quarto, deixou-lhe a casa sem ser preciso fiador quando foi para um lar.
Atualmente, tinha uma vida sossegada. Sem ninguém. Trabalhava a inserir e a processar dados. Falava apenas com a sua equipa de trabalho. Nos almoços de Natal, passava tão despercebida que todos se perguntavam se esteve lá ou não. Nas redes sociais apenas tinha os colegas de trabalho e nenhuma publicação. No orfanato também tinha sido assim. Nunca tinha tido problemas.
Quando saiu do orfanato, ela teve que se desenrascar sozinha. Arranjar um quarto. Viver com pessoas que além do valor do quarto, queriam que ela fosse comer fora, arrumasse a casa deles ou até mesmo fosse criada de recados. Não conseguia arrendar uma casa por falta de fiador. Até que uma senhora que lhe alugara o quarto, deixou-lhe a casa sem ser preciso fiador quando foi para um lar.
Atualmente, tinha uma vida sossegada. Sem ninguém. Trabalhava a inserir e a processar dados. Falava apenas com a sua equipa de trabalho. Nos almoços de Natal, passava tão despercebida que todos se perguntavam se esteve lá ou não. Nas redes sociais apenas tinha os colegas de trabalho e nenhuma publicação. No orfanato também tinha sido assim. Nunca tinha tido problemas.
O que ninguém sabia era que Nádia tinha um segredo. Não contava a ninguém e muito menos aos colegas de trabalho. Passava o seu tempo no jogo Adventure Online. Tinha um computador de secretária, teclado, rato e auscultadores de jogador especialmente para o seu passatempo. Tinha já planeado comprar uma cadeira a condizer com o resto do equipamento. No jogo estava num nível muito elevado, tinha formado clãs e a sua personagem principal era um verdadeiro paladino. Também tinha uma segunda personagem de assassino. Ela poderia ser tudo o que quisesse. Ali, o fantástico era possível. Até tinha amigos! Eram companheiros de aventura. Trocavam feitos e itens do jogo. No entanto, até isso o Natal estragava. O Natal aproximava-se e os servidores estavam cada vez mais cheios e impossíveis. Mais uma razão para detestar o Natal.
Quando entrou no Adventure, uma semana antes do Natal, viu o aviso do jogo a informar que não iria estar disponível na véspera de Natal e no final de ano. Ela olhou desolada. Quando falou com os seus amigos virtuais, eles compartilhavam o seu aborrecimento, mas consideravam que era uma maneira de conviver mais com a família nas épocas festivas.
Nádia olhou para o convite colocado na sua secretária. A carta dobrada destacava as suas últimas palavras «somos parte da mesma família e eu gostava muito de conhecer-te. Não precisas de trazer prendas.» A sua barriga contorceu-se. Ela não queria conviver, ela preferia matar monstros!
Os seus companheiros virtuais começaram a dar-lhe alternativas de jogos para ela comprar, mas Nádia sentia-se contrariada. Que Natal seria aquele se ela nem poderia passar o tempo a fazer o que mais gostava?
Deixou a semana arrastar-se. A sua janela era a única que não tinha efeitos de Natal. Quando ia às compras todos diziam «Bom Natal» ou «Boas Festas», mas ela mal respondia. Não comprou o jogo sugerido pelos seus amigos. Não respondeu à carta.
Nádia olhou para o convite colocado na sua secretária. A carta dobrada destacava as suas últimas palavras «somos parte da mesma família e eu gostava muito de conhecer-te. Não precisas de trazer prendas.» A sua barriga contorceu-se. Ela não queria conviver, ela preferia matar monstros!
Os seus companheiros virtuais começaram a dar-lhe alternativas de jogos para ela comprar, mas Nádia sentia-se contrariada. Que Natal seria aquele se ela nem poderia passar o tempo a fazer o que mais gostava?
Deixou a semana arrastar-se. A sua janela era a única que não tinha efeitos de Natal. Quando ia às compras todos diziam «Bom Natal» ou «Boas Festas», mas ela mal respondia. Não comprou o jogo sugerido pelos seus amigos. Não respondeu à carta.
No dia 24 de dezembro, Nádia viu-se sozinha em casa com absolutamente nada para fazer. O dia era dado pela empresa e Nádia ao acordar às duas da tarde sentiu que o silêncio pesava-lhe. Não tinha o jogo e nem sabia que lojas estariam abertas para ir buscá-lo. Já nem pensava em responder ao convite. Com esforço levantou-se e preparou-se para sair. Havia lojas abertas no centro comercial mais próximo. Fora isso, teria de ir a Lisboa. Ela morava em Almada, assim como toda a sua família apesar de nunca se verem.
Quando estava na loja a procurar o jogo que os seus amigos tinham falado, alguém chamou o seu nome. No entanto, ela não se virou. Quem poderia chamar o seu nome? Quem queria saber dela? Insistiram, mas ela seguiu em frente, até que...
– Nádia! - agarraram-lhe o braço. Ela olhou para a cara do homem que a agarrava e não o reconheceu. No entanto, ele parecia conhecê-la bem. – Sou eu, o Jaime! Quem te enviou a carta! Muito prazer.
Nádia corou. – Prazer. Obrigada pelo convite… desculpa não responder… mas… ah… – faltou-lhe motivos para o seu silêncio. Queria dizer que não podia ir ao jantar, mas eram quase seis da tarde e ela estava com o jogo na mão, sem qualquer desculpa para não ir.
– Sim, tudo bem, não precisavas responder. Ainda bem que te encontrei, assim, podemos ir juntos ao jantar, o que achas? – disse ele animado e estava determinado que ela fosse ao jantar.
Quando estava na loja a procurar o jogo que os seus amigos tinham falado, alguém chamou o seu nome. No entanto, ela não se virou. Quem poderia chamar o seu nome? Quem queria saber dela? Insistiram, mas ela seguiu em frente, até que...
– Nádia! - agarraram-lhe o braço. Ela olhou para a cara do homem que a agarrava e não o reconheceu. No entanto, ele parecia conhecê-la bem. – Sou eu, o Jaime! Quem te enviou a carta! Muito prazer.
Nádia corou. – Prazer. Obrigada pelo convite… desculpa não responder… mas… ah… – faltou-lhe motivos para o seu silêncio. Queria dizer que não podia ir ao jantar, mas eram quase seis da tarde e ela estava com o jogo na mão, sem qualquer desculpa para não ir.
– Sim, tudo bem, não precisavas responder. Ainda bem que te encontrei, assim, podemos ir juntos ao jantar, o que achas? – disse ele animado e estava determinado que ela fosse ao jantar.
– Ah… Eu… tenho de pagar o jogo… – disse a dirigir-se para a caixa. Não lhe surgia nem uma desculpa para fugir ao jantar.
Ele acompanhou-a. Como ela não falava, ele começou a falar.
– Sabes a nossa avó está muito doente. Já nem consegue sair da cama – começou ele como se ela tivesse perguntado pelos avós -- mais ninguém consegue vir hoje passar a noite com eles. Vou ser sou eu e eles. Estava mesmo com esperança de ter mais companhia. Eles deitam-se muito cedo – piscou-lhe o olho.
Nádia olhou para ele. Seria apenas Jaime e os seus avós, não seria como o funeral da sua mãe. Ela não iria estar sozinha numa multidão. Mesmo assim era aterrador. Ainda se lembrava do olhar da avó desconfiada, como se ela fosse perigosa.
-- Compreendo... mas… talvez os avós não queiram a minha companhia… – tentou Nádia.
-- Querem! Foram eles que me pediram para te convidar, – insistiu Jaime – , anda, tenho o carro no estacionamento.
Nádia, sem conseguir articular uma desculpa, foi arrastada por aquele primo falador. Durante toda a viagem, ele contou que a sua avó, Firmina, tinha tido um AVC e que ficara na cama. Os médicos estavam preocupados, mas não podiam fazer mais nada. O avô deles, Octávio, estava desorientado de tanta preocupação com a mulher. Nádia quase sentia pena, mas não se permitia. Eles deveriam querer alguma coisa. Quando chegaram a casa dos avós, pouco faltava para as sete da tarde, a hora combinada para o jantar.
A casa era uma pequena e acolhedora vivenda decorada e cheia de enfeites de Natal. As luzes brilhavam e de alguma forma animaram o coração de Nádia.
Quando entraram Octávio veio ter com eles e cumprimentou-os e deu dois beijos na cara de Nádia, deixando-a tão espantada que não teve reação. Convidou-os para a sala de jantar que ficava contígua com a sala de estar onde estava a televisão ligada, mas sem ninguém a ver. A mesa estava festiva com toalha e copos que pareciam novos, assim como, todo o serviço. Ao canto estava uma árvore de Natal e um presépio. Depois de mostrar a sala e mesa de jantar, o avô passou para a cozinha para terminar a refeição.
Jaime aproveitou para a levar Nádia falar com a avó. Firmina estava sentada na cama a ver televisão. Olhava com o olhar vazio. Não estava a prestar a atenção. Quando Jaime bateu e pediu para entrar o seu rosto iluminou-se.
– Oh! Nádia! Ainda bem que vieste! -- disse Firmina a abraçá-la. Parecia ter pressa a falar. Nádia sentiu-se muito constrangida. -- Não sabes o quanto eu queria falar contigo!
– Comigo? Porquê? – Nádia expressou a sua desconfiança.
– Sim, contigo, minha filha. Tratei-te tão mal! Deixei-te naquele orfanato e desconfiei sempre que tu tivesses o mesmo mal que a tua mãe! – os olhos pequenos de Firmina, azuis, como os da sua mãe estavam cheios de lágrimas, mas ela levantou a mão para não ser interrompida por Jaime. – Ela começou por nos roubar, depois fugiu de casa e, por fim, um grupo de bandidos roubaram-nos tudo porque a tua mãe devia-lhes dinheiro. Depois disso, disse-lhe ela tinha morrido para nós. Ela nunca mais voltou. Quando disseram que ela te teve, imaginei as que te tinha criado nas piores condições! Imaginei que tivesses o mesmo mal que ela. Não conseguia suportar a ideia de voltar a passar pelo mesmo! -- soluçou e limpou-se ao seu lenço. – No entanto, não quero partir desta vida sem te pedir perdão!
Nádia sentiu algo a quebrar dentro do peito. As suas lágrimas eram as mesmas da avó. O amor que ambas partilhavam por Amália.
-- Sempre pensei que abandonaram porque me detestavam… – Nádia começou. Jaime tentou mudar a conversa, mas Nádia não o deixou falar -- não sabia disso. Nunca vi a minha mãe com drogas --, Nádia sentiu que precisava defender a mãe –, custou-me sim, mas compreendo agora porque o fizeram… Mas o que vos fez mudar de ideias?
-- Nós sempre gostámos de ti! – explicou a avó – Quando eu tive o AVC contei ao Jaime o que se tinha passado e queria ver como estavas, se estavas viva e bem. Jaime foi saber sobre ti e viu que és uma rapariga honesta que trabalha e vive sozinha. Eu sei que pode ser imperdoável, mas por favor, perdoa-nos! – pediu Firmina e Octávio apareceu à porta sem dizer nada, mas esperava ouvir resposta de Nádia.
– Claro que perdoo… fico muito feliz por gostarem de mim… – Nádia já não conseguia controlar as lágrimas. Segundos depois todos estavam abraçados em lágrimas.
Jaime teve a ideia de trazer a mesa de jantar para o quarto de Firmina e jantaram todos lá. Os avós de Nádia perguntavam muitas coisas sobre o trabalho dela e sobre computadores porque não sabiam nada de computadores. Ajudaram-na a superar a sua timidez e constrangimento. Jaime contou-lhe que só ia para o computador para jogar Adventure, mas não quis dizer a sua alcunha. Nádia perguntou-se o quanto ele tinha investigado sobre ela.
Pela primeira vez, Nádia sentiu-se realmente presente num jantar e com uma sensação de alegria, paz e segurança, apesar de estar a conviver com pessoas. O Natal finalmente começou a fazer sentido para ela.
Ele acompanhou-a. Como ela não falava, ele começou a falar.
– Sabes a nossa avó está muito doente. Já nem consegue sair da cama – começou ele como se ela tivesse perguntado pelos avós -- mais ninguém consegue vir hoje passar a noite com eles. Vou ser sou eu e eles. Estava mesmo com esperança de ter mais companhia. Eles deitam-se muito cedo – piscou-lhe o olho.
Nádia olhou para ele. Seria apenas Jaime e os seus avós, não seria como o funeral da sua mãe. Ela não iria estar sozinha numa multidão. Mesmo assim era aterrador. Ainda se lembrava do olhar da avó desconfiada, como se ela fosse perigosa.
-- Compreendo... mas… talvez os avós não queiram a minha companhia… – tentou Nádia.
-- Querem! Foram eles que me pediram para te convidar, – insistiu Jaime – , anda, tenho o carro no estacionamento.
Nádia, sem conseguir articular uma desculpa, foi arrastada por aquele primo falador. Durante toda a viagem, ele contou que a sua avó, Firmina, tinha tido um AVC e que ficara na cama. Os médicos estavam preocupados, mas não podiam fazer mais nada. O avô deles, Octávio, estava desorientado de tanta preocupação com a mulher. Nádia quase sentia pena, mas não se permitia. Eles deveriam querer alguma coisa. Quando chegaram a casa dos avós, pouco faltava para as sete da tarde, a hora combinada para o jantar.
A casa era uma pequena e acolhedora vivenda decorada e cheia de enfeites de Natal. As luzes brilhavam e de alguma forma animaram o coração de Nádia.
Quando entraram Octávio veio ter com eles e cumprimentou-os e deu dois beijos na cara de Nádia, deixando-a tão espantada que não teve reação. Convidou-os para a sala de jantar que ficava contígua com a sala de estar onde estava a televisão ligada, mas sem ninguém a ver. A mesa estava festiva com toalha e copos que pareciam novos, assim como, todo o serviço. Ao canto estava uma árvore de Natal e um presépio. Depois de mostrar a sala e mesa de jantar, o avô passou para a cozinha para terminar a refeição.
Jaime aproveitou para a levar Nádia falar com a avó. Firmina estava sentada na cama a ver televisão. Olhava com o olhar vazio. Não estava a prestar a atenção. Quando Jaime bateu e pediu para entrar o seu rosto iluminou-se.
– Oh! Nádia! Ainda bem que vieste! -- disse Firmina a abraçá-la. Parecia ter pressa a falar. Nádia sentiu-se muito constrangida. -- Não sabes o quanto eu queria falar contigo!
– Comigo? Porquê? – Nádia expressou a sua desconfiança.
– Sim, contigo, minha filha. Tratei-te tão mal! Deixei-te naquele orfanato e desconfiei sempre que tu tivesses o mesmo mal que a tua mãe! – os olhos pequenos de Firmina, azuis, como os da sua mãe estavam cheios de lágrimas, mas ela levantou a mão para não ser interrompida por Jaime. – Ela começou por nos roubar, depois fugiu de casa e, por fim, um grupo de bandidos roubaram-nos tudo porque a tua mãe devia-lhes dinheiro. Depois disso, disse-lhe ela tinha morrido para nós. Ela nunca mais voltou. Quando disseram que ela te teve, imaginei as que te tinha criado nas piores condições! Imaginei que tivesses o mesmo mal que ela. Não conseguia suportar a ideia de voltar a passar pelo mesmo! -- soluçou e limpou-se ao seu lenço. – No entanto, não quero partir desta vida sem te pedir perdão!
Nádia sentiu algo a quebrar dentro do peito. As suas lágrimas eram as mesmas da avó. O amor que ambas partilhavam por Amália.
-- Sempre pensei que abandonaram porque me detestavam… – Nádia começou. Jaime tentou mudar a conversa, mas Nádia não o deixou falar -- não sabia disso. Nunca vi a minha mãe com drogas --, Nádia sentiu que precisava defender a mãe –, custou-me sim, mas compreendo agora porque o fizeram… Mas o que vos fez mudar de ideias?
-- Nós sempre gostámos de ti! – explicou a avó – Quando eu tive o AVC contei ao Jaime o que se tinha passado e queria ver como estavas, se estavas viva e bem. Jaime foi saber sobre ti e viu que és uma rapariga honesta que trabalha e vive sozinha. Eu sei que pode ser imperdoável, mas por favor, perdoa-nos! – pediu Firmina e Octávio apareceu à porta sem dizer nada, mas esperava ouvir resposta de Nádia.
– Claro que perdoo… fico muito feliz por gostarem de mim… – Nádia já não conseguia controlar as lágrimas. Segundos depois todos estavam abraçados em lágrimas.
Jaime teve a ideia de trazer a mesa de jantar para o quarto de Firmina e jantaram todos lá. Os avós de Nádia perguntavam muitas coisas sobre o trabalho dela e sobre computadores porque não sabiam nada de computadores. Ajudaram-na a superar a sua timidez e constrangimento. Jaime contou-lhe que só ia para o computador para jogar Adventure, mas não quis dizer a sua alcunha. Nádia perguntou-se o quanto ele tinha investigado sobre ela.
Pela primeira vez, Nádia sentiu-se realmente presente num jantar e com uma sensação de alegria, paz e segurança, apesar de estar a conviver com pessoas. O Natal finalmente começou a fazer sentido para ela.
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