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Devemos Ler Livros de Autoajuda?

 

Os livros de autoajuda são êxitos de vendas em diversos países e acredito que em Portugal não deve ser muito diferente apesar de nem sempre estarem no top de livros mais lidos. Apesar disso, não são muito considerados e dificilmente encontramos quem os admita ler. Existem mesmo quem pense que estão errados ou que nos fazem ficar piores em caso de desânimo ou de depressão. Afinal, devemos ou não ler este género de livros?

 

As opiniões sobre livros de autoajuda variam contra e a favor. Existem pessoas que se recusam a ler, as que não gostam, e as que pensam que não vale a pena ler. Outras que acusam que os livros de autoajuda não se deve ler muitos, mas colocar em prática o que se lê no livro que se escolheu. A verdade é que eles continuam a brilhar nas livrarias entre os mais lidos e as pessoas têm ânsia por ler mais. Porque será?

 

Agora, nesta altura de pandemia, mesmo que o pior já tenha passado estamos mais afetados psicologicamente do que nunca. Antes da pandemia a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria já informava que cerca de vinte por cento da população sofre com depressão. No entanto, a meu ver, estes dados referem-se a pessoas que estão a ser tratadas, ou seja, que tomaram coragem para ir a um psicólogo/psiquiatra ou que chegaram a um ponto em que não podiam mais fugir do tratamento.

 

Afinal, a depressão faz com que os doentes não sintam ânimo para se tratar, por vezes, nem para fazer as coisas que mais desejam quanto mais ir a uma ou várias consultas de psicologia ou psiquiatria... Isto para nem falar do preconceito social de quem vai ao psicólogo é doido. O que na minha imaginação se compara ao dizer a alguém que ir a uma consulta médica, mesmo que seja por um pequeno problema como uma constipação, significa que essa pessoa fica com uma pneumonia, por exemplo, quando pode ficar é se não for tratada... Ainda temos o problema monetário e de tempo. Sim, porque as consultas do sistema nacional de saúde raramente são semanais como os pacientes precisam e o horário das mesmas são impossíveis de conjugar com o horário de trabalho. Pode-se pedir licença uma vez por mês, mas não duas vezes por semana como alguns tratamentos têm de ser. A maioria das pessoas que sofrem com depressão são receitadas de antidepressivos, o que ajuda no tratamento, mas não resolve completamente a situação. No privado, existem mais hipóteses, mas é mais desgastante economicamente, o que leva muitas vezes as pessoas a desistirem. Portanto, o que sobra são os livros de autoajuda.

 

Existem estudos que afirmam que ler livros de autoajuda com aplicação prática das recomendações sugeridas e com acompanhamento, fazem efeitos muito benéficos às pessoas com depressão. Acredito que poderão ajudar quem toma os comprimidos, mas não consegue ter acesso ao número de consultas de psicologia e psiquiatria com a frequência que necessita. Se estes livros ajudam a quem tem depressão, o que fará uma pessoa que apenas está desanimada com esta pandemia e os acontecimentos destes últimos tempos?

 

No meu ponto de vista, até mesmo sem seguir as ações recomendadas, mesmo a ler vários livros diferentes até mesmo se se ficar «viciado» neste género de livro pode ajudar a trazer alivio a estas pessoas. Afinal a depressão faz com que estas pessoas sofram com uma dor enorme, e elas mesmo assim, estão se esforçar sozinhas por alcançar alguma paz. Seguindo este ponto de vista, estes livros devem, sim, ser lidos e podem fazer muito bem a quem lê. O mesmo se aplica, e talvez ainda de melhor forma, a pessoas que apenas estão desanimadas temporariamente.

 

Aproveito para elogiar iniciativas que tenho visto ultimamente, como a da Câmara Municipal do Barreiro que disponibiliza uma linha de apoio psicológico nalguns dias da semana que qualquer pessoa pode telefonar apenas com o custo da chamada local. 


Agora mais do que nunca precisamos de apoio para conseguir superar os danos que a pandemia causa e causou não só na economia, mas também na nossa saúde mental.





Sou blogger e escritora do Wattpad. Comecei a ser blogger para partilhar os meus escritos, mas com o tempo comecei a escrever mais sobre leitura e escrita. Gosto de fugir da realidade para mundos fictícios e acredito que eles ajudam-me a compreender melhor a vida. Não consigo passar um dia sem escrever e sem beber café.

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