O Calígrafo de Edward Docx

 

Este livro demorou a ler, não foi? Foi uma descoberta de um autor que não conhecia, nem sabia que ganhou alguns prémios. Foi uma leitura um pouco contraditória, entre o amor e ódio, mas vamos saber mais na opinião.

Sinopse:

Escrito de forma brilhante, elegante e cheio de humor, O Calígrafo fala da diferença entre o homem e a mulher, de engano e honestidade e da procura intemporal do amor.

 

Ele não é tão esperto como pensa. Ela é mais inteligente do que parece.

 

Jasper está convencido de que encontrou a vida perfeita. Calígrafo de renome mundial e um sedutor em série, transcreve com agrado o imortal Poemas Eróticos de John Donne para o seu rico mecenas, até uma descarada infidelidade o desmascarar, e a sua vida, cuidadosamente construída, começar a desmoronar-se. Pior ainda, certa tarde vê a mulher perfeita pela janela do seu estúdio e apercebe-se de que terá de abandonar tudo para a conquistar.

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Opinião

Avaliação 🌟🌟🌟🌟

O que dizer deste livro? Por um lado odeio a personagem principal, por outro adoro a forma que é narrada a história. Confesso que o meu lado mais obscuro e malvado elevou-se nalgumas partes em que o personagem principal sofria e eu vibrava com isso.

Tenho que deixar um parágrafo apenas para falar mal deste protagonista, ele merece. Ele é um homem que diz adorar mulheres e por isso dorme com todas as que consegue sem respeitar relacionamentos, seja os dele ou delas. Diz que as adora, mas para mim, ele adora apenas a conquista. Parece ver todas as pessoas de cima para baixo, como se ele fosse um ser especial, fosse melhor do que todos. No entanto, este mulherengo arrogante encontra uma mulher que o faz vibrar de interesse, mas brinca com ele e faz ele sentir-se mal e desconfortável em cada conversa que têm. Até ele se perder por completo, ou seja, apaixonar-se de verdade e querer ser como o personagem refere: «um tipo normal». Adorei toda a tortura que ele passa e só fiquei com pena de ele não sofrer mais na conquista.

Agora que já falei mal do personagem, chegou a altura de falar bem do livro. Os poemas com que ele trabalha encaixam-se perfeitamente com a personagem e o que ela vive. Por um lado, o autor parece defender o amor livre, no entanto, por outro, ele representa bem nesta história todas as complicações que são consequências das traições e do desrespeito pelas relações afetivas.

A escrita deste livro é irresistível. A personagem principal que narra a história pode dizer as maiores barbaridades, mas nós estamos a rir com o sarcasmo e a forma única que descreve cenas do quotidiano das cidades grandes como Londres. Até mesmo os seus sentimentos e a forma como são revelados através das suas descrições são maravilhosas. Confesso que existiram momentos em que já não me apetecia mais ler, mas a forma que está escrito trouxe-me de volta a ele.

O final, no entanto, vale tudo. Tem uma reviravolta espetacular que nos faz rir e voltar a pensar em toda a história. Faz valer todo o livro, tenho a dizer. Passamos de o pensar como um livro de um personagem estúpido, mas com uma boa escrita para um «Uau!» e passamos a gostar de todo o livro outra vez. No entanto, custou-me a ler e a chegar ao fim, por isso, não posso dizer que o adorei, mas gostei de ler. É uma boa reflexão sobre os relacionamentos, sobre considerar os sentimentos alheios e sobre traições.